quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Avaliação Escolar

Na tribo, 0; na panela, 10” ou Quando a avaliação engole as crianças...
Luca Rischbieter


Avaliar está na moda. Para o bem e para o mal, em todos os níveis, em todo o planeta, há uma tendência cada vez maior a implantar exames padronizados nas redes de ensino, o que facilita a comparação não apenas entre estudantes, mas também entre escolas e professores, entre redes inteiras e até entre países.
Não se faz pedagogia sem avaliação. Nisso todos concordamos. Agora, não se deve fazer avaliação sem uma concepção clara sobre as vantagens e as possíveis desvantagens das nossas escolhas sobre o que e como avaliar.
Quando privilegiamos um caminho de avaliação, necessariamente tomamos decisões sobre o que será levado em conta e, conseqüentemente, sobre o que será ignorado, o que ficará “de fora” das análises avaliativas. Ignorar ou esquecer isso é extremamente perigoso...
Para dar um exemplo bem claro e facilitar a discussão dessa questão, inventei uma pequena história estranha e triste, que peço que você leia:
Uma história de canibalismo
No meio da floresta tropical, é dia de prova. Toda a tribo está reunida para ver o pajé-examinador aplicar uma bateria de testes e fazer as escalas de avaliação dos futuros caçadores, batedores, escaladores de cipó, pescadores, artesãos, etc.
Para que os pais fiquem mais relaxados, enquanto não começam os testes, o pajé promove uma exibição de vídeo: trata-se de um filme feito por psicólogos da tribo, em que os testes são aplicados em duas crianças capturadas em um ataque a fazendas de colonizadores brancos.
Todos riem da performance desastrada das crianças brancas, que caem das árvores, enrolam-se nos cipós, quase engolem os dardos das zarabatanas... Enfim, todos concordam quando, encerrando a nossa triste história, o chefe da tribo diz:
— Puxa, que desastre! Mas como são burrinhas e incompetentes essas crianças civilizadas! Acho que só vai dar mesmo para aproveitá-las no jantar de formatura...





Para ler o texto na íntegra acesse o link



http://www.aprendebrasil.com.br/articulistas/luca_bd.asp?codtexto=660
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1 - Terezinha Carraher, David Carraher, Analúcia Schliemann. Na vida dez, na escola zero. São Paulo: Cortez, 1988. Ver especialmente o capítulo V. Uma pesquisa bastante semelhante, realizada com crianças de favelas de Buenos Aires, foi realizada por Emília Ferreiro: “O cálculo escolar e o cálculo com dinheiro em situação inflacionária”, em: Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1987. Capítulo 5.


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