Neste fragmento de texto, José Luiz de Paiva Bello, faz uma brilhante defesa do professor como profissional. Realmente, não dá pra comparar nosso trabalho com o de nenhuma outra categoria.
“Conversando com um amigo engenheiro sobre essa questão de 180 ou 200 dias aula/ano, ele me respondeu que existem outras profissões tão desgastantes quanto a do professor. Citou o estivador do cais do porto que carrega sacos de grãos nas costas em seu horário de trabalho e só tem 30 dias de férias. Respondi que, se os estivadores levassem sacos de grãos para também carregarem em casa; tivessem que planejar em casa como carregariam os sacos de grãos no dia seguinte; tivessem que fazer registros diários dos sacos que carregou; tivessem que participar de reuniões; tivessem que se explicar porque carregou o saco de grãos assim e não de outra forma; tivessem que criar critérios de avaliação e avaliar cada saco de grãos; tivessem que levar para casa cada avaliação dos sacos de grãos e passar noites em claro para analisar e entregar no prazo previsto pela instituição; tivessem que preparar um trabalho teórico sobre grãos uma vez por ano; tivessem que se reciclar com estudos e cursos de como se carregar sacos de grãos; não tivesse a menor idéia de como será seu horário de trabalho no semestre seguinte, nem mesmo se teria trabalho, e ganhassem um salário que mal desse para comprar livros para se especializar em sacos de grãos, mereceriam, então, ter também três meses de férias e 180 dias de trabalho por ano.”
José Luiz de Paiva Bello
Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro
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