segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As "desaprendizagens" do professor

As ações de nós professores em sala de aula baseiam-se, há séculos, em crenças fortemente sedimentadas. Essas crenças alimentam o que podemos chamar “hábitos de resistência” a uma mudança mais profunda em nosso fazer. Tal resistência nada mais é do que o sinal claro de que não sabemos outra forma de caminhar. Temos que desaprender. As desaprendizagens de hábitos, há muitos séculos enraizados por parte do professor, passam, necessariamente, pela mudança das crenças limitantes que alimentam “tais raízes”



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O Papel da cópia


Delia Lerner

Escrever não é copiar. Sabemos hoje que a cópia não é a chave que abre as portas da escrita. Sabemos que aprendemos a escrever escrevendo (produzindo textos baseados nas próprias hipóteses, refletindo e discutindo sobre elas) elendo, esforçando-se para interpretar o que outros escreveram convencionalmente. Faz sentido, então, incluir a cópia nas atividades escolares?

Sim, porque a cópia é uma prática a que todos recorremos fora da escola, quando queremos guardar uma receita, a letra de uma música, certa idéia de um autor.

Sim, porque a cópia implica uma intensa atividade intelectual. Não é uma reprodução mecânica (por isso, o resultado nem sempre é idêntico ao modelo). Só podemos copiar aquilo que, de algum modo, conhecemos: uma coisa é copiar um parágrafo escrito em um idioma conhecido e outra é copiá-lo em um idioma desconhecido. Copiar requer saberes específicos. Quando copiam, as crianças usam tudo o que sabem para que o texto fique o mais parecido possível com o original. Copiar pode ser, então, um desafio.

A cópia pode ajudar na aprendizagem quando contribui para a aquisição de uma forma fixa que será fonte de informação para produzir outras escritas; quando o aluno está escrevendo e busca numa palavra conhecida uma parte que serve para escrever outra palavra (para “livro”, pode procurar “li” em “limão”, por exemplo); quando elabora a ficha de um livro para a biblioteca e precisa localizar o título e o nome do autor; quando quer citar um verso de um poema ou uma frase de um personagem; quando se propõe a copiar um texto para conservá-lo ou enviá-lo a um destinatário.

Se reconhecermos que a cópia é somente uma das atividades que contribuem para a aquisição da escrita, se a incluirmos como recurso para resolver problemas de produção, se não esperarmos que o resultado seja cópia fiel do modelo e apreciarmos as diferenças como expressão da atividade intelectual das crianças no processo de reprodução, então podemos dar lugar à cópia no processo de alfabetização.
Delia Lerner é profesora titular do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Buenos Aires. 
Publicado em 22/07/2008