quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Jacaré e o Sapo

À maneira dos... chineses
O Jacaré e o Sapo nadavam em paz no Grande Lago Tsé-Chuin, quando o sábio Oi-Ti-Sin gritou da margem:
- Ei, Jacaré, o Tai-Kum acaba de decretar que de hoje em diante é permitido de novo matar e comer qualquer animal com rabo. Olha, vem aí o barco de xogum!
O Jacaré imediatamente pôs em movimento suas poderosas patas, gritando:
- Trepa nas minhas costas, Sapo, que eu te salvo.
Mas o sapo continuou nadando tranqüilo, dizendo:
- Ué, e eu lá tenho rabo? – e foi se aproximando, destemeroso, do barco de pesca, facilitando ser apanhado pela rede que os pescadores atiravam. E, ao se sentir preso, pôs-se a gritar:
- Me soltem, me soltem! Eu não tenho rabo! Eu não tenho rabo!
Mas o Jacaré, protegido por trás de uma pedra, invectivou:
- Nossas leis têm efeito retroativo, idiota! Você não tem rabo, mas teve, quando era girino.
MORAL: Quem já teve rabo tem que se prevenir.

O Abridor de Latas


                                                       
Pela primeira vez no Brasil um conto escrito inteiramente em câmera lenta.

Quando esta história se inicia já se passaram quinhentos anos, tal a lentidão com que ela é narrada. Estão sentadas à beira de uma estrada três tartarugas jovens, com 800 anos cada uma, uma tartaruga velha com 1.200 anos, e uma tartaruga bem pequenininha ainda, com apenas 85 anos. As cinco tartarugas estão sentadas, dizia eu. E dizia-o muito bem pois elas estão sentadas mesmo. Vinte e oito anos depois do começo desta história a tartaruga mais velha abriu a boca e disse:
- Que tal se fizéssemos alguma coisa para quebrar a monotonia dessa vida?
- Formidável - disse a tartaruguinha mais nova 12 depois - vamos fazer um pique-nique?
Vinte e cinco anos depois as tartarugas se decidiram a realizar o pique-nique. Quarenta anos depois, tendo comprado algumas dezenas de latas de sardinha e várias dúzias de refrigerante, elas partiram. Oitenta anos depois chegaram a um lugar mais ou menos aconselhável para um pique-nique.
- Ah - disse a tartaruguinha, 8 anos depois - excelente local este!
Sete anos depois todas as tartarugas tinham concordado. Quinze anos se passaram e, rapidamente elas tinham arrumado tudo para o convescote. Mas, súbito, três anos depois, elas perceberam que faltava o abridor de latas para as sardinhas.
Discutiram e, ao fim de vinte anos, chegaram à conclusão de que a tartaruga menor devia ir buscar o abridor de latas.
- Está bem - concordou a tartaruguinha três anos depois - mas só vou se vocês prometerem que não tocam em nada enquanto eu não voltar.
Dois anos depois as tartarugas concordaram imediatamente que não tocariam em nada, nem no pão nem nos doces. E a tartaruguinha partiu.
Passaram-se cinqüenta anos e a tartaruga não apareceu. As outras continuavam esperando. Mais 17 anos e nada. Mais 8 anos e nada ainda. Afinal uma das tartaruguinhas murmurou:
- Ela está demorando muito. Vamos comer alguma coisa enquanto ela não vem?
As outras concordaram, rapidamente, dois anos depois. E esperaram mais 17 anos. Aí outra tartaruga disse:
- Já estou com muita fome. Vamos comer só um pedacinho de doce que ela nem notará.
As outras tartarugas hesitaram um pouco mas, 15 anos depois, acharam que deviam esperar pela outra. E se passou mais um século nessa espera. Afinal a tartaruga mais velha não pôde mesmo e disse:
- Ora, vamos comer mesmo só uns docinhos enquanto ela não vem.
Como um raio as tartarugas caíram sobre os doces seis meses depois. E justamente quando iam morder o doce ouviram um barulho no mato por detrás delas e a tartaruguinha mais jovem apareceu:
- Ah, murmurou ela - eu sabia, eu sabia que vocês não cumpririam o prometido e por isso fiquei escondida atrás da árvore. Agora não vou buscar mais o abridor, pronto!
Fim (30 anos depois)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Prova: um momento privilegiado de estudo – não um acerto de contas

Estou lendo este livro de Vasco Moretto e estou adorando!
Vasco faz uma abordagem simples, clara e contundente deste tema tão intrigante.  Quem nunca questionou o uso de provas? Quem nunca o defendeu?  Nem vilã, nem mocinha.  A prova é tratada, pelo autor, como um momento privilegiado de estudo, e para isso, apresenta uma série de exemplos negativos e positivos que nos fazem refletir sobre a construção, o valor e o uso deste instrumento.
Ainda nem terminei a leitura e já estou indicando!
Vale a pena conferir!


Vasco Pedro Moretto – Mestre em didática das ciências pela universidade Laval, Québec, Canadá. Licenciado em física pela Universidade de Brasília – UNB. Especialista em Avaliação Institucional pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Diretor da VASCO MORETTO consultorias educacionais S/C Ltda. Autor da coleção física hoje (3 volumes), Editora Ática, para o ensino médio. Autor de: Construtivismo, a produção do conhecimento em aula, DP&A Editora, 2000; Prova, um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas, DP&A Eitora , 2001.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

A exposição aos textos não alfabetiza

Muitos são os professores que já compreenderam a importância de um ambiente alfabetizador. Todavia, há um certo equívoco em nossa prática alfabetizadora.  O fato de trazer textos para a sala de aula, de pendurá-los na parede não garante e tampouco promove a alfabetização.  Prova disto é que adultos não alfabetizados convivem com textos ao longo da vida e ainda assim não são capazes de ler. Porque isto acontece?  Porque a visão de um texto, para quem não compreende o funcionamento do Sistema de Escrita Alfabética, não passa de um amontoado de letras.
A presença de textos  no campo visual do aprendiz é extremamente importante, mas precisa vir acompanhada de um trabalho sistemático de reflexão sobre a escrita, senão não passará de poluição visual.
Cabe ao professor alfabetizador garantir que os textos expostos sejam devidamente explorados, analisados e compreendidos.  Assim, de fato, os textos exercerão o devido papel no processo de alfabetização.
Mônica Pinheiro